"(...) Ela toma a carta e, com este gesto, toca uma mão muito distante. Para isso se escrevem cartas de amor. Não para dar notícias, não para contar nada, não para repetir coisas por demais sabidas, mas para que mãos separadas se toquem, ao tocarem a mesma folha de papel. (...)
O amante que escreve alonga seus braços para um momento que ainda não existe. A amante que lê alonga seus braços para um momento que não mais existe. A carta de amor é um abraçar do vazio... (...) Mesmo antes de ser lida, ainda dentro do envelope fechado, tem a qualidade de um sacramento: presença sensível de uma felicidade invisível..."
O Retorno E Terno - Rubem Alves
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