Doses homeopáticas de neuroses || O seu lugar no universo || Rivotril com café || A busca pelo pai celestial || Como passar no teste de Turing || Escolha o semi-título apropriado, incluindo este. "Você é livre para fazer suas escolhas, mas é prisioneiro das consequências" - Pablo Neruda
terça-feira, 16 de junho de 2015
sábado, 13 de junho de 2015
Para Lennon e McCartney
Uma de minhas músicas preferidas, desde a adolescência. RIP Fernando Brant
"Leise, eterna namorada de Fernando Brant, estava na cozinha preparando uma macarronada. Mamãe Maricota e seu Salomão também confraternizavam com os filhos e os amigos dos filhos, tomando cerveja no meio da turma. Papai não perdia a chance de pegar um no canto e arriar filosofia. Mamãe o repreendia, vendo-lhe a sofreguidão cervejeira:
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-Não vá exagerar, héin, Salim.
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Na saleta de piano, Lô Borges convocou a mim (Márcio Borges) e ao Fernando Brant para ouvirmos um tema que acabara de compor ali na hora, no meio daquela confusão de irmãos, amigos e cervejada.
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Todos os que estavam por perto na hora se acercaram do piano, para ouvir o tema de Lô. Então, depois de executá-lo por diversas vezes, a ponto de todos estarmos cantarolando os "lá-Iá-Iás" em uníssono com ele, sem erros, Lô parou de tocar e nos propôs:
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-Então? Vocês dois não querem meter uma letra nisso não?
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-Só se for agora - respondeu Fernando.
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-Qual é o tema que você pensou pra ela? - perguntei.
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-Na verdade, eu (Márcio Borges) estava pensando na parceria do John e do Paul... nas parcerias, né. A gente aqui, também fazendo as nossas ... e eles nunca vão saber. Mas pode ser outra coisa qualquer que vocês sentirem - Lô se apressou em dizer.
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-Por mim esse tema está ótimo - disse Fernando.
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-Eu faço a primeira parte e você faz a segunda - combinei com ele. Providenciei canetas e papel e nos trancafiamos no quarto de meus pais. Eu não queria perder a festa, nem Fernando. Em menos de meia hora, portanto, estávamos de volta à saleta do piano, bem a tempo de pegar a saída da macarronada de Leise. Já havia até alguns de prato na mão, ao redor do piano, quando Lõ cantou pela primeira vez os rabiscos que colocamos diante dele, na estante do piano. Na minha parte estava escrito:
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Porque vocês não sabem do lixo ocidental
Não precisam mais temer
Não precisam da timidez
Todo dia é dia de viver
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Porque você não verá meu lado ocidental
Não precisa medo não
Não precisa da solidão
Todo dia é dia de viver ...
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Na parte de Fernando estava escrito:
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Eu sou da América do Sul
Eu sei vocês não vão saber
Mas agora sou cowboy
Sou do ouro, eu sou vocês
Sou do mundo, sou Minas Gerais.
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Daí, fomos com disposição à macarronada da Leise, convictos de que acabávamos de compor uma bela música - apesar da rapidez. Quanto ao nome, ficou sendo o que Lô sugeriu: 'Para Lennon e McCartney'."
quarta-feira, 10 de junho de 2015
As sem-razões do amor
As sem-razões do amor
Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.
Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.
Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.
Carlos Drummond de Andrade
Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.
Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.
Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.
terça-feira, 2 de junho de 2015
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